... dos Amigos porque impacta na tranquilidade do nosso quotidiano tão importante para o progresso da humanidade .É a partir do nosso quotidiano que surge uma nova humanidade .A divergência é sempre saudável e neste caso quem diverge pelo menos em parte tem competência de sobra para faze-lo .Meu colega calculista de estruturas Ubirajara Ferreira da Silva tem uma visão pessoal do problema que não deve ser ignorada pelo poder público tão ávido por votos que bem pode não admitir seu erro .Mas , em primeiro publico uma opinião que saiu no jornal e que está alinhada com a opinião corrente :
O que se está pensando sobre o assunto : Peritos dizem que ciclovia desabou porque pista não estava amarrada Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/peritos-dizem-que-ciclovia-desabou-porque-pista-nao-estava-amarrada-
O que diz o Ubirajara :
O que se está pensando sobre o assunto : Peritos dizem que ciclovia desabou porque pista não estava amarrada Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/peritos-dizem-que-ciclovia-desabou-porque-pista-nao-estava-amarrada-
O que diz o Ubirajara :
Ciclovia
Rio-2016,
Como engenheiro do DNER, tendo trabalhado por muitos anos no
Serviço de Obras de Arte, achei oportuno, como fizeram alguns colegas,
manifestar-me, analisando e fazendo comentários pertinentes ao acidente na
ciclovia Rio-2016. Formularei minhas observações e comentários com base no
contido na imprensa, na minha experiência profissional e nas minhas idas e
vindas pela linda Avenida Niemeyer.
Quanto ao desabamento dos dois vãos da obra, recentemente
construída e liberada ao público de pedestres e ciclistas, além de ocasionar a
morte de dois frequentadores, um deles engenheiro, deixou a sociedade carioca e
a engenharia estrutural brasileira abaladas.
Tal acontecimento, de enorme repercussão também no Brasil,
tem sido atribuído por alguns, acertadamente, como causa principal, o impacto
de uma violenta onda do mar. Este fenômeno da natureza, sempre ocorreu na
Avenida Niemeyer, já é bem conhecido por muitos.
Inexplicavelmente, tal fenômeno passou desapercebido pelos
técnicos envolvidos no projeto da ciclovia, muito embora sendo um dos dados importantes
a serem considerados. Também passou desapercebido por todos, a obra existente
executada há 100 anos no mesmo local do acidente. É composta por uma maciça
estrutura de contensão, com a finalidade de manter a segurança do tráfego da
via e ao mesmo tempo, servir como dispositivo amortecedor e dissipador de energia
destruidora das ondas marinhas.
Outra questão importante, também não considerada, é a
existência visível de tubulações de água da CEDAE, já bastante oxidadas e indevidamente
localizadas ao longo da borda da linda Avenida Niemeyer, ao que se presume, permitida
pelo IPHAN, sem contemplar o partido ambiental da localização.
Neste delicado momento, pode-se afirmar que os reais motivos
do acidente, foram os erros e omissões cometidos pela Prefeitura, iniciados
desde o preparo do projeto básico e das especificações técnicas.
Elaborado o projeto básico constante do Edital de Licitação,
foi disponibilizado às empresas vencedoras da licitação para desenvolverem os
cálculos e detalhamento do projeto executivo.
Apresentado o projeto
à Prefeitura, caberia aos seus técnicos procederem uma ampla revisão completa
do mesmo, analisando todas as hipóteses dos cálculos estruturais, cotejando-os
simultaneamente com os desenhos das formas, das armaduras resistentes, das
especificações, tudo conforme recomendações das Normas Técnicas Brasileiras
vigentes. Pelo que se tem conhecimento, o mesmo foi aceito e aprovado sem
restrições.
Por informações de colegas, o projeto básico, incompleto, não
contemplava informações necessárias para confecção do projeto executivo.
Segundo o Manual do DNIT/IPR, a largura de faixa recomendada
para uma ciclovia com dois sentidos é de 3,00 m. Não constando indicação sobre
ciclovias com circulação simultânea de pedestres e bicicletas. Portanto, pode-se
concluir que a ciclovia da Avenida Niemeyer, não atendia as prescrições
técnicas desejáveis ao bom desempenho dos usuários.
Sobre o acidente, tenho visto alguns técnicos entrevistados dizerem
categoricamente que, se os tabuleiros tivessem sidos ancorados nos pilares de
apoio, os mesmos não teriam caído. Posso afirmar que os referidos tabuleiros,
mesmo ancorados, teriam caído e, certamente levariam consigo parte de alguns
vãos adjacentes, devido ao tombamento de pilares, aumentando assim a
catástrofe.
Tenho acompanhado e constatado que nesses últimos 25 anos,
têm surgido problemas inerentes à engenharia estrutural em nosso País, tanto
envolvendo contratos, como inadequadas concepções de projeto de pontes,
viadutos, passarelas e recentemente em ciclovias. Na sua maioria estão sendo
detectadas falhas nos cálculos estruturais, nos detalhes construtivos e
anomalias de elevado grau de insegurança.
Nessa linha, posso atribuir como básico, a falta ou carência
de experiência profissional de professores, de jovens engenheiros ainda não
devidamente capacitados na prática de projetos estruturais. Também posso
atribuir a criação de várias escolas de engenharia no Brasil, a maior parte
delas sem condições de pleno funcionamento técnico, face a carência de
professores e condições financeiras adequadas. Portanto têm surgido, com
frequência, inadequadas condições no âmbito técnico estrutural, no executivo,
no econômico e no arquitetônico.
Para melhor entendimento do acidente ocorrido na ciclovia, listo
alguns pontos não considerados no projeto básico:
.. A existência de tubulações de água da CEDAE, já bastante
oxidadas localizadas ao longo da borda do mar, trazendo perigo de vazamento de
água das tubulações sobre o tabuleiro da ciclovia;
.. Nos desenhos do projeto básico, não constavam as medidas
dos vãos e a largura das faixas de circulação dos pedestres e ciclistas, segundo
as normas técnicas;
.. A utilização de guarda corpos metálicos fixados por
parafusos em ambiente marinho fortemente corrosivo. O que não é indicado nem
duradouro;
.. A existência e a influência da obra de contensão executada
na avenida Niemeyer por volta de 1920
.. A reconstrução do mesmo tipo de tabuleiro não resolve o problema,
quanto à segurança a impacto de ondas marinhas.
Por isso tudo e não encontrando um meio adequado para
solucionar os problemas listados, sou levado a sugerir à Prefeitura promover a
remoção completa do que resta da ciclovia e que a nossa Avenida Niemeyer volte
a ser linda e contemplada por todos.
Ubirajara Ferreira da Silva
Engenheiro civil
Bom proveito , e até mais !